domingo, 15 de maio de 2016

A expressão popular nas músicas do Rock Nacional dos Anos 80

Nós brasileiros, estamos passando por um momento histórico e político nada agradável, visto que as grandes empresas que lideram o nosso mercado e os políticos que governam nosso Estado estão envolvidas em grandes escândalos e máfias organizadas,  causando enormes problemas sociais, econômicos e político.

A música vem como uma forma de expressar a real situação do Brasil e também como uma forma de protesto. Analisando as letras de algumas músicas do Rock Nacional dos anos 80, vimos que nada mudou na sociedade brasileira. Vejam alguns exemplos:
  • “Inútil” – Ultraje a Rigor, Álbum: Nós Vamos Invadir sua Praia (1985);
  •  “Até quando esperar?” – Plebe Rude, Álbum: O Concreto Já Rachou (1985);
  •  “Nada mudou” – Leo Jaime, Álbum: Vida Difícil (1986);
  •  “Que país é esse” – Legião Urbana (1987);
  •   “Desordem” – Titãs, Álbum: Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987);
  •  “Autoridades” – Capital Inicial, Álbum: Independência (1987);
  •  “Brasil” – Cazuza e Gal Costa (1988);
  •  “Ideologia“ – Cazuza (1988);


Dentre tantas músicas que retratam os problemas que enfrentamos por todo esse tempo, segue a letra da música “Desordem”, dos Titãs:

Os presos fogem do presídio
Imagens na televisão 

Mais uma briga de torcidas, 
Acaba tudo em confusão 
A multidão enfurecida, 
Queimou os carros da polícia 
Os preços fogem do controle,
Mas que loucura está nação
Não é tentar o suicídio 
Querer andar na contramão 

Quem quer manter a ordem? 
Quem quer criar desordem? 

Não sei se existe mais justiça, 
Nem quando é pelas próprias mãos 
População enlouquecida, começa então o linchamento
Não sei se tudo vai arder 
Como algum líquido inflamável, 
O que mais pode acontecer 
Num país pobre e miserável 
E ainda pode se encontrar 
Quem acredite no futuro

Quem quer manter a ordem? 
Quem quer criar desordem? 

É seu dever manter a ordem, 
É seu dever de cidadão, 
Mas o que é criar desordem, 
Quem é que diz o que é ou não? 
São sempre os mesmos governantes, 
Os mesmos que lucraram antes,
Os sindicatos fazem greve
Porque ninguém é consultado 
Pois tudo tem que virar óleo 
Pra por na máquina do estado.

Quem quer manter a ordem? 
Quem quer criar desordem?


O caos social está implantado há décadas e nada fazem para melhorar ou resolver. Programas sociais são criados para camuflar; novas leis surgem, mas nada de uma reforma Constitucional e tudo continua igual.

A população está levantando e começando a se movimentar, mas até quando vamos aceitar e continuar com essa desordem e regresso?

Márcia Lorena de Carvalho

15/05/2015

quinta-feira, 5 de maio de 2016

LEGIÃO URBANA

Olá galera que acompanha o Blog Rock Nacional Anos 80, no post anterior falamos um pouco a respeito de bandas que influenciaram e que foram percursoras desse estilo musical.

Uma das bandas que vieram marcar a história do Rock Nacional e que vem se fazendo presente até nas novas gerações é a Legião Urbana, que fez parte e do cenário do Rock nos anos 80.

A Legião Urbana surgiu no final de 1982 quando Renato Russo uniu-se a Eduardo Paraná (Hoje, Kadu Lambach), Marcelo Bonfá e Paulo Guimarães (o ‘Paulista’). Ico-Ouro Preto teve curta passagem pela banda mas foi de grande importância para o lançamento da banda, mesmo participando em poucos shows ajudou a compor a canção “Ainda é Cedo”, que posteriormente vinha a ser um dos hits da banda. Em 1983, Paulista e Paraná saem da banda, com isso, Dado Villa-Lobos assume a guitarra e Renato Rocha, (o ‘Negrete’) entra como baixista.





Herbert Viana e Bi Ribeiro, este último ex-aluno de inglês de Renato em Brasília, eram da banda Paralamas do Sucesso e indicaram na gravadora a fita demo da nova banda de Brasília.  Logo após a gravação chegar às mãos de executivos da EMI-Odeon, a Legião Urbana foi contratada e lançou seu primeiro álbum, em 1985, emplacando em junho daquele ano as canções “Será”, “Ainda é Cedo” e “Geração Coca-Cola”. A Revista Bizz, leitura obrigatória para os amantes da música daquela época, elegia a Legião como a melhor banda e Renato, o melhor cantor daquele ano.

A receita havia realmente dado certo e em seguida foi melhorada no álbum seguinte, Dois. Músicas como “Tempo Perdido”, “Índios”, “Metrópole” e “Quase Sem Querer” se tornam hits nas rádios de todo o Brasil. O maior sucesso do álbum foi “Eduardo e Mônica”, que conta a história de dois jovens que se apaixonam apesar dos estilos diferentes de vida. Dessa forma Legião Urbana mostrava um conteúdo que qualquer jovem brasileiro nos anos 80 compreendia e se identificava. E sem dúvidas o álbum é considerado um dos maiores discos de rock nacional da história.

Em dezembro de 1986, um grande público acompanhava a turnê do álbum que havia estourado nacionalmente. Já no ano de 1987 sai o terceiro álbum, Que País É Este, estourando o improvável hit “Faroeste Caboclo”, considerada inicialmente uma musica muito grande (nove minutos) para se tocar em rádios, o que logo caiu por terra. A música conta a saga do brasileiro João do Santo Cristo, um personagem criado por Renato e como sabemos chegou as telonas no ano de 2013, quando a letra foi adaptada para o roteiro do filme.

Renato Rocha deixa a banda ao final de uma grande turnê após uma confusão no estádio Mané Garrincha de Renato Russo com uma fã. Mas os tempos de fartura chegaram em 1989, com o trio de músicos dedicados ao estúdio, compondo e produzindo.

Depois de muita espera é lançada As Quatro Estações, álbum que inicia a fase mais madura da Legião. Em “Meninos e Meninas”, Renato Russo sugere bissexualidade. E numa histórica entrevista à revista Bizz confirmou suas preferências. 


Nove das onze músicas do álbum tocam no rádio e rapidamente o disco se torna
 o mais vendido da carreira da banda, com quase dois milhões de cópias apenas
 no ano de lançamento.



Lançado em 1991, o album V trazia um pouco de reflexão e tristeza descendentes da fase emocionalmente instável de Renato. A turnê que se seguiu teve de ser interrompida. “Teatro dos Vampiros” e “O Mundo Anda Tão Complicado” fazem sucesso. “Metal Contra As Nuvens”, a letra inclui palavras raras e referências poéticas refinadas. Já “Vento no Litoral” foi composta por Renato para o ex-namorado americano Scott, quando ele voltou para sua terra natal após morar com ele alguns meses no Brasil.
Em 1992 o disco duplo Música Para Acampamentos foi montado pelo próprio Russo com musicas já consagradas “A Canção do Senhor da Guerra”, que era uma gravação demo, virou hit. E a Legião só entraria em estúdio e lançaria um álbum de inéditas no ano seguinte. Foi ai que começou a produção de O Descobrimento do Brasil, lançado em 1993 com canções fortes e ao mesmo tempo românticas.

No mesmo ano Renato tinha se internado em uma clínica buscando se livrar de drogas e bebida. Falava de esperança e redenção. “Vinte e Nove”, “Perfeição” e “Vamos Fazer Um Filme” logo tocavam nas rádios, mas a Legião estava precisando respirar.


Quando então se sentiram “dando um tempo”, Renato ocupou a brecha desenvolvendo seus projetos solo. E só em 1996 Renato viria a trabalhar novamente em material inédito da Legião Urbana, já  “correndo contra o tempo”. Na época não se sabia a razão, visto que Renato não falava publicamente que tinha contraído HIV (era soropositivo desde 1990). Mas naquele ano ele buscava registrar tudo o que sentia naqueles momentos que já intuía serem finais. Assim surgiram A Tempestade ou O Livro Dos Dias, lançado um mês antes de sua morte.


Em outubro de 1996 morre Renato Russo em consequência de complicações
causadas pela Aids, Seu corpo foi cremado e suas cinzas lançadas sobre
 o jardim do sítio de Roberto Burle Marx.


A Legião Urbana, entretanto, não morreu em nossos pensamentos e nossos corações, sentimos falta de grandes músicos como Renato Russo, em um tempo que as bases e os ritmos falam mais que os cantores, que se atentam somente em busca de atenção para ter sucesso. Sentimos muito a falta de grandes artistas que viviam o que compunham e que além de músicos eram grandes pensadores.


Rodrigo Coelho Santos

05/05/2016

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Banda Vímana

Vímana – Rio 1976 

No post anterior, falamos sobre o início do Rock Nacional dos anos 80 de forma cultural e política, e as bandas percursoras desse novo estilo musical.
Uma das bandas é a Vímana, com um misto de arranjo, jazz e um rock progressivo, teve quatro formações na década de 70 com os nomes mais importantes da música brasileira, que são queridos e conhecidos até hoje.

A primeira formação (1974 a 1975) contava com os músicos Lulu Santos (vocal e guitarra), Luiz Paulo Simas (teclados), Fernando Gama (baixo e vocal) e Candinho (bateria). Nesse período Vímana trabalhava para outros músicos em estúdios, mas não deixavam de se apresentar ao público, principalmente no Museu de Arte Moderna e nos teatros do Rio de Janeiro. Enfrentou uma época difícil com a ditadura e um Brasil que não estava preparado para esse novo estilo musical, mas eles acreditavam que aos poucos cairiam no gosto das pessoas.  Em 1975, Candinho saiu da banda, dando origem à nova formação. 


Esta nova formação (1975 a 1977), a mais lembrada quando falamos da banda Vímana, composta ainda por Lulu Santos (guitarra e vocal), Luiz Paulo Simas (teclados e vocal), Fernando Gama (baixo) e com os novos integrantes Ritchie (vocal e flauta) e Lobão (bateria), lançaram um compacto Zebra, que na época foi arquivado pela gravadora, que alegou falta de público do rock no Brasil. Até um LP com 12 faixas foi gravado, o Álbum On the Rocks, porém não foi lançado e os integrantes, nos dias de hoje, não sabem ao certo onde estão essas faixas, que ficaram no “virtual”, acredita-se que ficou com Lulu Santos.

Capa do compacto Zebra
   

Já na terceira formação, ainda em 1977, um novo integrante entrou para a banda: Patrick Moraz (teclados, ex-Yes), músico suíço que veio ao Brasil com o interesse de montar uma nova banda. Como o tecladista Patrick Moraz não gostava de Lulu Santos, vários desentendimentos aconteceram até que Lulu Santos foi expulso da banda pelo próprio Moraz, causando grande confusão e discórdia por todo grupo.



Foto com Patrick Moraz – Itaipava – 1977

A quarta e última formação (1977 a 1978), novas mudanças aconteceram e ficaram como integrantes: Patrick Moraz (teclados), Luiz Paulo Simas (teclados e vocal), Fernando Gama (baixo), Ritchie (vocal e flauta) e Lobão (bateria). Por conta dos desentendimentos anteriores a banda se desfez e cada um seguiu sua carreira solo. E novos sucessos do Rock nacional dos Anos 80, como Lulu Santos, Lobão e Ritchie surgiram e fazem sucesso até os dias de hoje. 

Fiquem atentos com as próximas postagens que falaremos de outras bandas importantes para o Rock Nacional dos anos 80, as músicas que marcaram época e mais curiosidades. 

Márcia Lorena de Carvalho 
04/05/2016