quarta-feira, 15 de junho de 2016

89 A RADIO ROCK

Na década de 80 com o Rock Nacional em ascensão uma rádio trouxe uma diferente proposta, que nenhum veículo de comunicação havia tentado, pois ainda não tinham se dado conta da força do Rock no Brasil, que crescia não apenas como um estilo musical mas também um estilo de vida.
No dia a dia e nos anos seguintes, a Rádio Rock 89 fez parte da vida de milhões de jovens, e tornou-se uma grande referência de musicalidade e de radiodifusão em todo o Brasil.
fonte: https://www.catarse.me/pt/89radiorock
Em 2006 com a queda da popularidade do Rock no Brasil a 89 mudou seu estilo musical. Muitos fãs se sentiram órfãos. Cadê nossa rádio rock? Eles perguntavam. Até que no final de 2012 veio a grande reviravolta. A força dos ouvintes, por meio das redes sociais como Facebook e Twitter , fez com que a 89 voltasse a ser a Rádio Rock, e voltasse mais forte que nunca. Hoje ela é mais que uma rádio porque tem um altíssimo acesso na web, com ouvintes de todo o Brasil. Tem marca própria e lojas próprias. Promove todos os grandes shows de Rock nacionais e internacionais. Percebemos, portanto, que a 89 realmente virou a rádio do povo que aprecia e acompanha esse estilo.

Rodrigo Coelho Santos

Quebrando a banca de Roqueiro

Bem amigos, o que vou narrar agora é uma história verídica que aconteceu em 01 de julho de 1986, na festa de aniversário de 10 anos da fundação da Rádio FM Jovem Pan 100,9 de São Paulo.

Como dever de casa, é normal hoje em dia confirmar as histórias que possamos escrever hoje, com consultas pela internet, onde raramente não se encontra o que procura, mas para esta história verídica, além de não conseguir consumar mais dados para autenticar algumas informações, vou conta-la com a maior precisão possível, afinal o roqueiro de banca quebrada sou eu mesmo e essa história vivenciei pessoalmente.

Para entender o roqueiro, vou detalhar um pouco o seu perfil, nascido em 1968, filho de produtor musical da gravadora Copacabana, começou estudando música desde os 5 anos de idade, as teclas desde sempre a sua paixão, piano seu primeiro instrumento. Cresceu ouvindo todos os estilos de música, principalmente as clássicas, mas aquelas guitarras barulhentas que o primo mais velho ouvia com Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Rolling Stones, mexia com ele.

E o amor pelo Rock pesado foi uma consequência natural, mesmo menor de idade em uma época que não tinha este tipo de exigência para assistir shows internacionais, assistiu no estádio do Morumbi, Peter Frampton, Queen, Kiss e para se consagrar como um grande roqueiro, assistiu vários dias do primeiro Rock in Rio em 1985, tudo para assistir ídolos como, ACDC, Iron Maiden, Yes entre outros.

E assim podemos finalizar o perfil desse egocêntrico roqueiro, que por estudar música desde os 5 anos de idade, e como todo garoto, focava em uma vertente só, esforçava-se para ser o melhor, mas sem perceber e sentir a realidade que estava em sua volta.

Quando soube do grande Show que a Rádio Jovem Pan faria no seu aniversário no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo, principalmente pela presença da “Banda 14 bis”, banda de rock tupiniquim de Minas Gerais e que na sua formação ainda continha Flávio Venturini, não resistiu e chegou muito cedo para ser um dos primeiros.

Ibirapuera lotado e as bandas foram se apresentando, quando a banda “Ultraje a Rigor” entrou no palco, plenamente aplaudida, afinal a banda sempre teve um Rock legítimo tinha sido preterida para tocar no Rock in Rio no ano anterior, foi um dos fatos negativos inclusive, afinal estavam nas paradas de sucesso de todo Brasil, a indignação foi inclusive demonstrada pela banda “Paralamas do Sucesso” que no seu show no Rock in Rio, tocaram “Nós Vamos Invadir sua Praia”, um dos maiores sucesso do Ultraje a Rigor. E para agradecer o carinho recebido, abriram o show tocando a música “Óculos” do Paralamas, e todos que ali estavam aplaudiram efusivamente, por entenderem plenamente o que acontecia.

Após o Show sempre dinâmico e com o verdadeiro Rock dos Anos 80 do Brasil, e no seu próprio tempo do Ultraje a Rigor, entrou o 14 Bis, a banda que este roqueiro ainda com banca esperava. E assim foi, a melodia harmoniosa das músicas da banda tupiniquim abraçava a plateia, que inebriava e todos os casais que ali estavam, beijavam-se apaixonadamente ao som de “Todo Azul do Mar” :

“Foi assim, como ver o mar
A primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar

Não tive a intenção de me apaixonar
Mera distração e já era momento de se gostar

Quando eu dei por mim nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei no azul do mar
Sabia que era amor e vinha pra ficar”

E este roqueiro inebriado, ainda arrogante dentro do seu pequeno mundo do roque, viu que após a banda que o fez sair de casa para disputar espaço entre vários malucos por grandes shows, ia tocar um carioca marrento chamado “Lulu Santos”, aquele mesmo que fez parte da banda Vímana e diziam que tinha causado muitos problemas, cantava com um sotaque carioca, que ao ouvido paulistano bichinho de goiaba incomodava demais, o mesmo Lulu que tocou no Rock in Rio mas não em um dos dias que esteve. Não tinha o que fazer, afinal pra poder assistir as bandas preferidas chegou cedo para estar à frente do palco e não dava pra ir embora com aquela multidão as costas, tinha mesmo que suportar “Lulu Santos”.

Quando aquele carioca da gema subiu ao palco e a arrogância preconceituosa desse que vos descreve estava no máximo, o tal Lulu começou a dedilhar sua guitarra, a tocar “Tudo Bem”, “Como uma Onda”, “Tudo Azul”... sua presença de palco levantou a galera inteira, trouxe todo mundo para si. É, trouxe todos mesmo e quebrando a banca desse orgulhoso roqueiro, mostrou com sua energia, que música e sucesso faz bem para qualquer um, até para os mais fechados dentro do seu universo.

E agradeço até hoje ao Lulu Santos por mostrar-me, que música tem alma, mas não tem cor, raça, credo e nem nacionalidade, continuo um roqueiro e amante do Rock Nacional dos anos 80, mas hoje, estou aberto para qualquer um tocar minha alma, contanto que possa cantar.


Marcelo Bello de Oliveira

terça-feira, 14 de junho de 2016

LÉO JAIME

Leonardo Jaime Góes, conhecido como Léo Jaime, iniciou a carreira de músico nos anos 80 na Banda carioca João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, mas saiu do grupo para seguir carreira solo. Na época recusou a vaga de vocalista da banda Barão Vermelho, indicando o querido Cazuza. 

Não foi uma época fácil, com dificuldades de gravar suas músicas e a descoberta de uma doença que causa descontrole hormonal, passou a tocar em bares e enfrentou uma depressão. Vendo uma esperança na cidade de São Paulo, onde gravaria um disco, passou por outro momento complicado, a gravadora que o contratou faliu. 

Léo Jaime foi forte, com seu humor e inteligência enfrentou as situações mais complicadas e fez sucesso nas rádios e também nas trilhas sonoras para filmes e novelas, além de atuar em novelas brasileiras, filmes, peças de teatro e programas de TV.

Sua carreira como cantor, inclui os seguintes discos gravados:
  1. Phodas “C” - 1983
  2. Sessão da Tarde - 1985
  3. Vida Difícil - 1986
  4. Direto do meu coração pro seu - 1988
  5. Avenida das Desilusões - 1989
  6. Sexo, Drops e Rock´n roll - 1990
  7. Todo Amor - 1995
  8. Rock Estrela - Edição Comentada - 2004
  9. Interlúdio - 2008
  10. Nada Mudou - 2015


Parte do sucesso de Léo Jaime também engloba a autoria e redação de textos para programas de TV, jornais e revistas. Léo Jaime é um artista completo.


Márcia Carvalho

quarta-feira, 8 de junho de 2016

BANDA BLITZ


Em 1980, surge no Rio de Janeiro a Banda Blitz com a seguinte formação: Evandro Mesquita, guitarra e voz; Fernanda Abreu, backing vocal; Marcia Bulcão, backing vocal; Ricardo Barreto, guitarra; Antônio Pedro Fortuna, baixo; William "Billy" Forghieri, teclados; e Lobão (depois substituído por Juba).



Existem dentro da formação da Blitz muitos fatos curiosos e bacanas para guardarmos na sua divertida história.
Evandro Mesquita o vocalista e galã da banda, junto com Fernanda Abreu vieram do grupo de teatro “Asdrúbal trouxe o trombone”, um grupo de estilo cômico e anárquico, que faziam parte pessoas conhecidas como: Regina Casé, Luis Fernando Guimarães, Patrícia Pillar, Patrícia Travassos, Perfeito Fortuna, Cacá Dionísio, Nina de Pádua, Cazuza. Baseados no grupo americano Monty Python, o nome do grupo era por causa de um código entre a Regina Casé e o pai dela Geraldo Casé, que ao falar o nome da banda, eles saiam de fininho na mesma hora.
Lobão que deu o nome a banda, viera da banda Vimana, (citada em uma das nossas postagens) ele ficou pouco tempo, acreditando que a Blitz estava comercial demais e também não querendo tocar as suas próprias composições, programa-se para sair, porem precisava abrir caminho para sua carreira solo. Sabendo que foram chamados para serem entrevistados por uma revista de grande circulação, ficou calado só para sair na capa. Na entrevista falou muito e chamou a atenção, para em seguida com a revista debaixo do braço e a fita de “Cena de Cinema” nas mãos, bater na porta de uma gravadora e em 20 minutos ter contrato assinado e carreira solo garantida. Queimado na Blitz, apesar de estar na capa do disco da banda, desenharam no lugar dele a cara do lobo mau como retaliação.
Em 1982 depois de algumas apresentações na famosa lona azul e branca no Arpoador o “Circo Voador”, a banda lançou o hit “Você Não Soube me Amar” em um compacto somente com essa música no lado A, no lado B o disco repetia: “nada, nada, nada”. Em três meses foram vendidas 100 mil cópias e quase um milhão de cópias em um ano. Rapidamente lançaram o primeiro LP “ As Aventuras da Blitz” que em poucos meses atingiram a impressionante marca de 500 mil cópias, lembrando que era uma época sem pirataria quanto aos LPs, somente ocorriam algumas cópias em fita k7.
Continuando as curiosidades dessa Banda que a irreverência e a veia cômica a distinguia das demais, o primeiro LP ainda em época de ditadura militar e controle rígido de censura, teve as duas últimas faixas do lado B censurados, mas como já tivera uma primeira grande prensagem das bolachas de vinil, a censura literalmente riscou as duas faixas para que não se pudesse ouvi-las.
As músicas censuradas seriam hoje músicas de roda. Evandro Mesquita, relata no livro de Rodrigo Rodrigues que escreveu sobre a Blitz (Ediouro, 2009), que "muita gente veio reclamar comigo dizendo que tinha quebrado a agulha do toca-discos tentando ouvir as faixas riscadas".
A Blitz era uma banda colorida, irreverente, divertida e que para o BRock nacional dos anos 80 fixa-se como uma das mais marcantes. O divórcio realmente aconteceu em 1986, onde os primeiros integrantes realmente se separaram. Pela força do marcante Evandro Mesquita, ela retorna em 1990 e até hoje continua pela mão da sua batuta. Justificando o que aconteceu com a Banda em 1986 Evandro explica ao O Globo em 2009: “Como em todo casamento e namoro, tem ciúme, inveja, intriga. Acho que a Blitz se suicidou nessa do ego, da ilusão do sucesso; quem não estava com a cabeça preparada caiu nessa armadilha, e chegou uma hora em que não deu mais.
Essas intemperes, humor, rusgas, curiosidades, que fizeram da Blitz ter marca única entre todas as bandas dessa época.

Marcelo Bello de Oliveira
07/06/2016


quarta-feira, 1 de junho de 2016

O GIGANTE ACORDOU: ROCK IN RIO


Com o Brasil em grande evidencia no rock nacional, os olhos do mundo se voltaram para o nosso cenário musical, e um dos responsável por tudo isso foi Roberto Medina. Se existe uma formula para a criação de um festival de musica, podemos afirmar que Roberto a inventou sua própria e com ela realizou um dos maiores festivais do mundo.

Esse sonho foi muito difícil de se realizar, e parecia quase impossível devido a transformações em que o país passava. Após longo período sob uma ditadura militar, o país começava a dar os primeiros passos rumo à democracia. Foi justamente nesse cenário que nasceu o Rock in Rio e pela primeira vez um país da América do Sul sediava um evento musical dessa magnitude. A estrutura contou com um sistema de som e luz extremamente modernos para época. Aliás, foi no Rock in Rio que uma plateia de um grande show plateia foi iluminada pela primeira vez. O público foi considerado como parte do show.

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No palco passaram um verdadeiro “Hall da fama” da musica mundial e nacional dentre os nacionais podemos destacar grandes nomes do MPB como Gilberto Gil, Elba Ramalho, Rita Lee e toda uma nova geração do rock nacional como Paralamas do Sucesso, Blitz, Kid Abelha e Barão Vermelho

Aquela edição colecionou momentos históricos. Em uma deles Freddie Mercury (Queen) ficou tão impressionado com o coro espontâneo do público durante o hit “Love Of My Life”, que decidiu reger aquela massa como se fosse numa orquestra, Não é de admirar que a própria banda tenha citado aquela experiência com um dos mais belos de sua história.
A partir de 1985, o Brasil entrou para o cenário de grandes shows de Rock, que influenciou nitidamente nossas músicas nacionais. E isso foi só o começo. Nascia um gigante.

Rodrigo Coelho Santos

01/06/2015

domingo, 15 de maio de 2016

A expressão popular nas músicas do Rock Nacional dos Anos 80

Nós brasileiros, estamos passando por um momento histórico e político nada agradável, visto que as grandes empresas que lideram o nosso mercado e os políticos que governam nosso Estado estão envolvidas em grandes escândalos e máfias organizadas,  causando enormes problemas sociais, econômicos e político.

A música vem como uma forma de expressar a real situação do Brasil e também como uma forma de protesto. Analisando as letras de algumas músicas do Rock Nacional dos anos 80, vimos que nada mudou na sociedade brasileira. Vejam alguns exemplos:
  • “Inútil” – Ultraje a Rigor, Álbum: Nós Vamos Invadir sua Praia (1985);
  •  “Até quando esperar?” – Plebe Rude, Álbum: O Concreto Já Rachou (1985);
  •  “Nada mudou” – Leo Jaime, Álbum: Vida Difícil (1986);
  •  “Que país é esse” – Legião Urbana (1987);
  •   “Desordem” – Titãs, Álbum: Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987);
  •  “Autoridades” – Capital Inicial, Álbum: Independência (1987);
  •  “Brasil” – Cazuza e Gal Costa (1988);
  •  “Ideologia“ – Cazuza (1988);


Dentre tantas músicas que retratam os problemas que enfrentamos por todo esse tempo, segue a letra da música “Desordem”, dos Titãs:

Os presos fogem do presídio
Imagens na televisão 

Mais uma briga de torcidas, 
Acaba tudo em confusão 
A multidão enfurecida, 
Queimou os carros da polícia 
Os preços fogem do controle,
Mas que loucura está nação
Não é tentar o suicídio 
Querer andar na contramão 

Quem quer manter a ordem? 
Quem quer criar desordem? 

Não sei se existe mais justiça, 
Nem quando é pelas próprias mãos 
População enlouquecida, começa então o linchamento
Não sei se tudo vai arder 
Como algum líquido inflamável, 
O que mais pode acontecer 
Num país pobre e miserável 
E ainda pode se encontrar 
Quem acredite no futuro

Quem quer manter a ordem? 
Quem quer criar desordem? 

É seu dever manter a ordem, 
É seu dever de cidadão, 
Mas o que é criar desordem, 
Quem é que diz o que é ou não? 
São sempre os mesmos governantes, 
Os mesmos que lucraram antes,
Os sindicatos fazem greve
Porque ninguém é consultado 
Pois tudo tem que virar óleo 
Pra por na máquina do estado.

Quem quer manter a ordem? 
Quem quer criar desordem?


O caos social está implantado há décadas e nada fazem para melhorar ou resolver. Programas sociais são criados para camuflar; novas leis surgem, mas nada de uma reforma Constitucional e tudo continua igual.

A população está levantando e começando a se movimentar, mas até quando vamos aceitar e continuar com essa desordem e regresso?

Márcia Lorena de Carvalho

15/05/2015

quinta-feira, 5 de maio de 2016

LEGIÃO URBANA

Olá galera que acompanha o Blog Rock Nacional Anos 80, no post anterior falamos um pouco a respeito de bandas que influenciaram e que foram percursoras desse estilo musical.

Uma das bandas que vieram marcar a história do Rock Nacional e que vem se fazendo presente até nas novas gerações é a Legião Urbana, que fez parte e do cenário do Rock nos anos 80.

A Legião Urbana surgiu no final de 1982 quando Renato Russo uniu-se a Eduardo Paraná (Hoje, Kadu Lambach), Marcelo Bonfá e Paulo Guimarães (o ‘Paulista’). Ico-Ouro Preto teve curta passagem pela banda mas foi de grande importância para o lançamento da banda, mesmo participando em poucos shows ajudou a compor a canção “Ainda é Cedo”, que posteriormente vinha a ser um dos hits da banda. Em 1983, Paulista e Paraná saem da banda, com isso, Dado Villa-Lobos assume a guitarra e Renato Rocha, (o ‘Negrete’) entra como baixista.





Herbert Viana e Bi Ribeiro, este último ex-aluno de inglês de Renato em Brasília, eram da banda Paralamas do Sucesso e indicaram na gravadora a fita demo da nova banda de Brasília.  Logo após a gravação chegar às mãos de executivos da EMI-Odeon, a Legião Urbana foi contratada e lançou seu primeiro álbum, em 1985, emplacando em junho daquele ano as canções “Será”, “Ainda é Cedo” e “Geração Coca-Cola”. A Revista Bizz, leitura obrigatória para os amantes da música daquela época, elegia a Legião como a melhor banda e Renato, o melhor cantor daquele ano.

A receita havia realmente dado certo e em seguida foi melhorada no álbum seguinte, Dois. Músicas como “Tempo Perdido”, “Índios”, “Metrópole” e “Quase Sem Querer” se tornam hits nas rádios de todo o Brasil. O maior sucesso do álbum foi “Eduardo e Mônica”, que conta a história de dois jovens que se apaixonam apesar dos estilos diferentes de vida. Dessa forma Legião Urbana mostrava um conteúdo que qualquer jovem brasileiro nos anos 80 compreendia e se identificava. E sem dúvidas o álbum é considerado um dos maiores discos de rock nacional da história.

Em dezembro de 1986, um grande público acompanhava a turnê do álbum que havia estourado nacionalmente. Já no ano de 1987 sai o terceiro álbum, Que País É Este, estourando o improvável hit “Faroeste Caboclo”, considerada inicialmente uma musica muito grande (nove minutos) para se tocar em rádios, o que logo caiu por terra. A música conta a saga do brasileiro João do Santo Cristo, um personagem criado por Renato e como sabemos chegou as telonas no ano de 2013, quando a letra foi adaptada para o roteiro do filme.

Renato Rocha deixa a banda ao final de uma grande turnê após uma confusão no estádio Mané Garrincha de Renato Russo com uma fã. Mas os tempos de fartura chegaram em 1989, com o trio de músicos dedicados ao estúdio, compondo e produzindo.

Depois de muita espera é lançada As Quatro Estações, álbum que inicia a fase mais madura da Legião. Em “Meninos e Meninas”, Renato Russo sugere bissexualidade. E numa histórica entrevista à revista Bizz confirmou suas preferências. 


Nove das onze músicas do álbum tocam no rádio e rapidamente o disco se torna
 o mais vendido da carreira da banda, com quase dois milhões de cópias apenas
 no ano de lançamento.



Lançado em 1991, o album V trazia um pouco de reflexão e tristeza descendentes da fase emocionalmente instável de Renato. A turnê que se seguiu teve de ser interrompida. “Teatro dos Vampiros” e “O Mundo Anda Tão Complicado” fazem sucesso. “Metal Contra As Nuvens”, a letra inclui palavras raras e referências poéticas refinadas. Já “Vento no Litoral” foi composta por Renato para o ex-namorado americano Scott, quando ele voltou para sua terra natal após morar com ele alguns meses no Brasil.
Em 1992 o disco duplo Música Para Acampamentos foi montado pelo próprio Russo com musicas já consagradas “A Canção do Senhor da Guerra”, que era uma gravação demo, virou hit. E a Legião só entraria em estúdio e lançaria um álbum de inéditas no ano seguinte. Foi ai que começou a produção de O Descobrimento do Brasil, lançado em 1993 com canções fortes e ao mesmo tempo românticas.

No mesmo ano Renato tinha se internado em uma clínica buscando se livrar de drogas e bebida. Falava de esperança e redenção. “Vinte e Nove”, “Perfeição” e “Vamos Fazer Um Filme” logo tocavam nas rádios, mas a Legião estava precisando respirar.


Quando então se sentiram “dando um tempo”, Renato ocupou a brecha desenvolvendo seus projetos solo. E só em 1996 Renato viria a trabalhar novamente em material inédito da Legião Urbana, já  “correndo contra o tempo”. Na época não se sabia a razão, visto que Renato não falava publicamente que tinha contraído HIV (era soropositivo desde 1990). Mas naquele ano ele buscava registrar tudo o que sentia naqueles momentos que já intuía serem finais. Assim surgiram A Tempestade ou O Livro Dos Dias, lançado um mês antes de sua morte.


Em outubro de 1996 morre Renato Russo em consequência de complicações
causadas pela Aids, Seu corpo foi cremado e suas cinzas lançadas sobre
 o jardim do sítio de Roberto Burle Marx.


A Legião Urbana, entretanto, não morreu em nossos pensamentos e nossos corações, sentimos falta de grandes músicos como Renato Russo, em um tempo que as bases e os ritmos falam mais que os cantores, que se atentam somente em busca de atenção para ter sucesso. Sentimos muito a falta de grandes artistas que viviam o que compunham e que além de músicos eram grandes pensadores.


Rodrigo Coelho Santos

05/05/2016